sexta-feira, 25 de maio de 2007

8 de Maio

Um cheiro agonizante a canela e lágrimas invadiu a casa assim como o meu olhar incrédulo e toda a comiseração… O Dia da Mãe vai sempre ficar na minha memória como o sufoco do meu pranto. Já não sou nada…

Tenho a casa inundada de nada e um carinho de espaços vazios. Uma cama desfeita com os lençóis ainda frescos daquilo que resta do muito que de mim partiu, o cheiro da baunilha nas horas incrédulas e este tempo que me recorda tanto… O sorriso dela, agora impessoal e repuxado sob o véu de saudade.

Faltou o derradeiro abraço antes da partida, ficou tanto por dizer… Ficou uma vida inteira… Ficou o cheiro dela no leito onde adormeci com as minhas lágrimas, e imaginei as mãos dela no meu cabelo, como sempre.

Vi rodar a chave, quis rasgar com os dentes toda esta realidade obtusa e gritar… Gritar pelo nome dela para ela me fazer festas na cara e me chatear com os pormenores que não percebeu nas telenovelas, para ela me dizer que estou «tão magrinha», que não gostava de me ver de cabelo solto, entre outras coisas… Dava tudo para voltar atrás, quando ainda era ela a aconchegar-me os cobertores todas as noites, me contava histórias sobre meninas que não comiam a sopa e me falava de todos os pobres que ajudou. Sinto tanto a falta dela…

1 comentário:

Anónimo disse...

consegues me trazer o silêncio k m faz bem.. obrigada por todo este misto d sensações k invocas em mim..

o k aki deixast escrito é poderoso e doloroso...