quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O mundo mudou, obra do Homem. Homem esse que se adapta a (quase) tudo. E bem que olhando em volta, e esquecendo por uns segundos toda a (enorme) parte má…

As belas e coloridas folhas de Outono, amarelas, vermelhas, castanhas, que rodopiam com o vento típico, mas que chocam contra a neve branca e nostálgica de Inverno, juntamente com esse frio tão seu, que pede uma noite natalícia tão bem acompanhada de cheiros e petiscos, tão aquecida por uma lareira e por uma família, ou aquecida por outro tipo de companhia, sempre com o fogo (também) da lareira. É unir a beleza de duas estações numa só, que exalta ao rubro memórias do passado, nos dá a sensação (ou fervoroso desejo) de sermos pequenos, inocentes, despreocupados (!) outra vez, quando tudo era simples e lindo…

domingo, 2 de novembro de 2008

Sob o céu azul

Sob o céu azul
De almofadas brancas
E ilhas cinzentas
Sob o alegre sol
O seu calor
A sua imensa luz
Lá estavam eles
Lá estava ele
Lá estava ela
Os dois unidos
Indiferentes ao céu azul
De almofadas brancas
E ilhas cinzentas
Ao alegre sol
Ao seu calor
E à sua imensa luz
Eram o céu um do outro
Iluminavam-se e aqueciam-se
Eles decidiam o seu dia e noite
A eles cabia o seu mundo
Era olhá-los enquanto se olhavam
Apreciá-los enquanto se escutavam
Entender como falavam de boca fechada
Como se tentavam assimilar quando a abriam
Como tentavam ser um só quando se amavam
Sob aquele céu azul
Das almofadas brancas
E ilhas cinzentas
Daquele alegre sol
Do seu calor
E da sua imensa luz
Que houvera de durar
Até ao fim dos tempos

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Deixa-te ficar
Distrai-te
Dá por ti a pensar
És tu, só tu
E ninguém mais.

Não vês
Não ouves
Abres os olhos
Procuras em redor
Vês árvores
Vês rochas
E o horizonte
Metros e metros te separam do chão
Subiste tanto, mas tanto
Até ao topo
Nada mais acima existe.

Chegaste até ai sozinho
Tão sozinho como estás agora
Subir foi difícil, sim
Descer é tristemente impossível.

Podes atirar-te, sim
Mas quando chegares lá abaixo
Onde estão os outros
Aqueles…
Passarás por eles sem que te vejam.

Esqueceste e esquecido foste
Não te importaste e agora só
Agora só te vês e vais ficar
Atingiste o tão desejado topo
Parabéns (que pena).

Só estás
Só agora percebeste
Quão lindo é o vale
Quão verde
Quão quente
Quão acolhedor
Quão cheio de gente
Só agora percebeste
Quão feio é o topo
Quão cinzento
Quão frio
Quão desconfortável
Quão isolado

Olha aos outros mais que a ti mesmo.
No fim, em vez de os olhares solitariamente de cima,
Vê-los-ás à altura dos teus olhos
Serás da altura deles, sendo maior que eles
Ao invés de estares acima deles, sendo mais pequeno…

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

(s/ título)



A alma vai morrendo

e cada segundo leva um pouco de nós.

Pisamos o pó dos nossos dias passados

em gritos, choros e histerias

e perguntamos se valeu a pena.


E não.

Não me sinto inocente.

Na absurda dor que nos leva a tal

fica a nostalgia dos outros dias.

Não importa a cor ou sol

importamos nós... ou já não tanto.


Fobia estapafúrdia da perda

ou vontade dela.

Perdemo-nos um pouco,

talvez afastemos o real

pela nossa necessidade de batalhas inúteis

e de setas perdidas no peito.



segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Vago.

É um lugar vago, o meu.

Não sei se pior que a solidão,

só sei que não estou lá.


E se eu cair em mim,

chorar,

e agarrar-me a quê?


Quanto mais alma, mais nudez,

mais corpo sem voz, sem rosto e perda:

sou nada

por não saber ser nada.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Apatia

marioneta sem ninguém que puxe os fios,
alma acorrentada sem bruxedo que a liberte,
apenas parada, quieta, silenciosa, à espera,
à espera que algo mude, que a faça soltar-se,
que a faça mudar, mexer, viver!... outra vez…
e o tempo que não passa
para que com ele traga mudança,
nova vontade,
nova força,
novo ânimo,
e aqui desespera por quem não vem,
pelo que não chega,
pelo que não voltará nunca… e tenta (oh se tenta),
mas é incapaz de se de se erguer,
incapaz de se deslocar,
incapaz de se arrastar…
e aqui jaz