segunda-feira, 12 de setembro de 2005

Eu

Arrependi-me da dor que deixei passar
e reflecti o meu ódio num beijo…
Tão escassa se torna a vida quando já n acreditamos,
o surreal está presente…
Trocamos palavras ao acaso
e percebemos que não há forma de elas terem sentido.
Deixo que o sono me leve e adormeço na busca do conforto que não tenho.
Sinto-me perdida outra vez,
só outra vez,
sinto-me perdida outra vez…

quarta-feira, 7 de setembro de 2005

Hoje é quarta-feira, dia de ilusão...

Hoje é quarta-feira,
dia de ilusão…
Observo o tempo que nos levou,
olho o sol
agora com pouca determinação.
Todos temos um segredo que não queremos manter…
Estabelecemos contactos e deixamo-nos ficar
no conforto das horas
e da melodia que a chuva vai cantando em ostinato.
Não sei como tanto tempo passou tão depressa
e sinto-me só quando percebo que já todos partiram…
só falto eu…
Deixo prevalecer inerte o meu lado secreto,
e deixo-me cair no chão quando vejo que o sol já se pôs.
Estou outra vez só.

crescer...

O tempo passou
Mas guardo dele uma recordação ténue…
Avalio cada passo que dei
E vejo o quanto cresci em relação a mim mesma.
Não adianta devolveres as tuas palavras agora,
Não adianta tentares deixar mais marcas,
Nada me abala da paz de espírito em que me encontro…
Narcisista? Penso que não.

Tenta passar pela minha vida com alguma sensatez,
Pelo menos agora…
Porque crescer nem sempre é bom,
Nem sempre é mau reviver o passado
E quem me dera ficar muito tempo na minha pequenez
Para perceber que tudo no mundo é uma capa:
(tu és uma capa) … é com tristeza que o digo.
O genuíno está a desaparecer
E as pessoas mascaram-se de videntes…
Ninguém sabe o que vai cá dentro,
Só eu… eu.

Este texto é dedicado ao simpático leitor anónimo que, gentilmente, teceu o simpático comentário: «cresce e aparece» … graças a ele encontrei a inspiração…

terça-feira, 6 de setembro de 2005

a mim...

Cansei de tentar ouvir-me a mim mesma…
Fechei os olhos e respirei… (consumi vida)
Permaneci na leveza que tudo me traz
E esbocei um sorriso ao mundo.
Como é bom acordar
Libertar-me do ódio
E dizer que nunca mais…
Adormeço na descrença do tempo,
Mas sinto a alma mais livre para poder ser eu…

«pensamentos...»

Cheguei a casa.
Vi o tempo,
A razão de não querer ficar.
Abri as janelas que faltavam,
Fechei a tua porta,
Para não ter de a voltar a abrir.

Fechei os olhos para compreender o silêncio.
Entrei na vida, contemplei o espaço incerto.
Mergulhei na dor,
Sobrevivi ao ódio.

Olho o espelho e deparo-me com uma lágrima…
Muitas vezes sem saber porquê.
Nem sempre é preciso um motivo para chorar.
Quando as lágrimas aparecem não há esforço que as faça não cair…

Encho o coração e a mente de «pensamentos…»
E volto à origem.
Deixo que me descubram partes do coração que eu nem sabia existir
E deixo-me embalar na sede que tenho de viver.
Acordo…
Contemplo o ânimo leve da madrugada quando abro a minha janela e enfrento o mundo com um sorriso inerte.
Mas nem sempre é assim…

...

Olhei-te,
Vi o tempo passar…
Fundi os ódios com os medos fraternos,
Vi a escuridão e não quis saber,
Vi o frio e não voltei.

Saciei a dor e larguei a tua mão:
Soltei a lágrima
Que caiu no chão…
Perdi a noção do meu próprio tempo,
Do local onde pertenço,
Do meu próprio eu.
Senti o toque gélido da saudade…
Olhei outra vez,
Já cá não estás…

desilusão

A desilusão está perto,
Contemplei-a quando ainda não era a minha vez…
Abandonei o meu silêncio e gritei.
Gritei pelo medo de existir,
Pela dor,
Pela raiva…
Soltei a ira,
Soltei todos os laços possíveis…
Agarrei o tempo,
Agarrei a vida,
Deixei-me ficar para saber quem sou.
Descobri o pedaço que não fazia parte,
Dei-te as minhas palavras
Devolveste o ódio, sincero… (?)
Quis acreditar,
Fiquei impávida,
Concluí que não me conheço.