segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Olhar


Por agora olho directamente nos teus olhos
com um olhar terno e sentido
enquanto tu olhas os meus olhos também
e te apercebes que o olhar que te olha
é de puro agradecimento
de alguém que te adora de mais.

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Sabor




Saboreio cada momento
como se fosse um presente que a vida me dá quando passa por mim...
Aprendi com todos os erros que não é preciso muito para esboçar um sorriso ao mundo
(verdadeiro)
mesmo que a lágrima álgida esteja cá dentro esfuziada por sair...

Guardo em mim toda esta vivência
talvez fugaz, talvez ingénua,
mas sentir-me livre é um dom,
um dom que jamais irei perder
porque o tempo toma-se de nós muito depressa
e encontrei alguma paz em mim
esta noite...

quarta-feira, 1 de novembro de 2006

Para ti...

Um conforto tão desconfortável me assaltou hoje...
Este frio que trouxeste é só mais uma razão
ou será que é mesmo o fim?
Apontaste-me os medos
nessa tua frieza que me esforço por entender...
Uma tela de ódio
com uma pincelada do desejo que desde sempre guardo
de um dia ter um sorriso teu
verdadeiro e terno
e não um olhar álgido...
é mesmo o fim
– pensei eu. –
que mais há a fazer quando tudo o que há a procurar
é um ciclo vicioso sem fim à vista,
um capricho...
Que fazer quando tu
és tudo aquilo que quero
que preciso,
que respiro
(que me perco a respirar)
és o tudo
mas no fundo, não és absolutamente nada.
És só alguém que eu caí na descrença de amar,
talvez amar de mais,
talvez perder...

Tu

Pensei ser tudo aquilo que sempre quiseste ter,
não quis ser um olhar fugaz
ou uma flor que depois de seca
perderia toda a sua vivacidade
e acabaria n’algo chamado abismo...
Quis o teu sorriso,
quis acreditar em ti
e em tudo o que se passava à nossa volta,
o porquê de agora tudo estar tão vago,
tudo tão cinzento e escuro:
tão melancólico...
De que servem as doces recordações
agora que nos deparamos com um presente estuporado,
cruel,
vil...
O teu passivo silêncio incomoda-me,
enerva-me,
leva-me a dizer coisas que não sinto,
a irar...
Até que ponto o teu amor existe?
Até que ponto tudo foi verdadeiro?
E sim, é para ti que escrevo tais palavras,
Tu, que me fazes chorar e me magoas.
Tu, que sem me tocar me arrepias,
me humilhas, me afugentas...
Dei-te tanto de mim
sem esperar nada de volta.
Seria suficiente um olhar,
um gesto
(qualquer coisa)
para afastar do meu olhar este breu,
esta tristeza
que manchaste nos meus olhos tristes...

Estás sozinho, sem ninguém
Estás cansado, sem forças
Tens frio, congelas
Sentes dor, falta de amor
Lembras a amizade, deixou saudade
Olhas o presente, dá-te raiva
Segues a lua, estás no breu
Eis que te deitas, olhas o céu
Com quem falas? Não há vivalma
Falas com o papel, nunca te deixou
Nele confias, não só as alegrias
Mostras-lhe a dor, o amor
A amizade e a saudade
A raiva do presente
Passas-lhe o breu da alma
Que já nem a lua tem de tão escura que é
Ele não se magoa, ele não sente
É apenas papel, também não te mente
Não te magoa, não te ama
Não é teu amigo, não te sente falta
Não se chateia, não diz nada
Só esta ali, imóvel, quieto
Mas eis que por vezes
Depois de o riscares com o breu da alma
Ele a reflecte com claridade
E da apatia da sua brancura violada
Se levanta a resposta que procuravas