sábado, 8 de dezembro de 2007

Quero uma lareira quente e crepitante, um tapete fofo e um dia chuvoso.
Quero uma companhia que me aqueça mais que a lareira.
Quero o passado como foi ou como poderia ter sido, não um presente responsável e pesado.
Por que é que o tempo não pára? Não pode ser.
Antes, por que é que não o mantemos parado cá dentro? Isso podia ser…

Quero o passado fácil que julguei difícil e não o presente complicado que amanhã acharei simples.
(mas então....)

domingo, 2 de dezembro de 2007

São elementos, as imagens, as músicas, os cheiros. Revivemos, revemos, relembramos, “ressentimos”. São portas enormes e (por vezes demasiado) fáceis de abrir. Recordamos experiências alegres e convívios excelentes com os nossos amigos enquanto com os nossos amigos. Recordamos momentos nossos, momentos sós, momentos em que pensámos e sofremos, só nós, por nós e por outros, enquanto com nós mesmos. Gostamos de estar assim, nesta melancolia, nesta nostalgia, nesta solidão em nós, sozinhos ou rodeados de gente, este reviver que nos faz sentir vivos, sentir que já vivemos antes e não só agora, o reviver daquilo que de mais forte se passou, épocas idas, tempos passados, momentos, minutos, segundos há muito desvanecidos, mas que de quando em vez cá voltam para nos assombrar, mas gostamos de estar assim. Porque não é quando um Homem quer, é quando a um Homem é permitido querer. Suspiros fáceis, nada mais que sussurros verdadeiros que saem disparados sem muito termos que pensar, aos outros não, estamos sós em nós, quem mais temos é o papel, se a ele quisermos falar, depois então deixar que os outros vejam, se ao que o papel lhes diz quiserem dar atenção. E assim vivemos, um dia e outro, ora bem, ora mal, quantas vezes rimos e sorrimos envoltos de gente, nunca temos problemas, ao segundo que nos vemos sós, aflui aquele liquido tão fiel a nós, por vezes mais fiel que o que queremos, e percebemos que a felicidade estava na distracção, estava no tempo em que deixamos que os outros nos desviassem da solidão em nós mesmos, por entre gritos e gargalhadas. Porventura nos nossos devaneios, nas nossas longas conversas com nós mesmos, nos nossos debates acessos e discussões repletas de sabor, lembrar-nos-emos daquela pessoa, daquele alguém que porventura existirá, quer o saibamos por certo, quer o julguemos saber, quer o desejemos, quer o ignoremos, e que porventura nos fará parar, alto! afinal sempre há felicidade mesmo quando estamos sós em nós, sem estarmos distraídos com os gracejos de todas as almas que nos rodeiam fisicamente, nem com os impulsos provocados pelas que nos rodeiam em espírito. Mas deixemos a felicidade para depois, para quando esses gracejos voltarem, e, quando nos vier a apetecer, deixaremos a solidão em nós, porque é sempre que o podemos fazer por entre esses gracejos, porque não é sempre que podemos voltar a ela quando nos afastamos deles. E assim vivemos, um dia e outro…

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Voo
na brisa quente e baça,
vapor,
até onde não me sei
e contemplo o mundo visto daqui.
Leve e cinzento,
papel-creme recortado,
neblina,
vestido leve de tule, meu.

Denso, imóvel,
este meu mundo
de lagos e pedrinhas,
magno... tão meu.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Tenho a cara seca

Mas sinto as lágrimas

Que escorrem cá dentro.

Umas não te conhecem mais

Outras recordam-te com saudade

Algumas clamam por ti

Todas querem o mesmo:

Sair cá de dentro

E inundar esse teu ombro.

"Preciso-te"

Não é o que está escrito

É o que tu sentes

É o que eu sinto.

Enquanto os meses passam

E eu penso em ti

Também tu me anseias.

Demasiadas semanas desapareceram contigo

As primeiras com conversas ao longe

Longas últimas sem contacto.

Sei que ainda me amparas

Do mesmo modo que te dou a mão,

Mas faltas-me aqui.

Não na minha terra

Mas ao meu lado.

Aqui, aí ou acolá

Mas nos meus braços.

“Preciso-te”.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Neste caminho onde o pó se levanta atrás de nós

e o mundo é um labirinto que nos engole sofregamente,

consigo encontrar em ti alguma paz

e os dias parecem passar em segundos de algum deleite…

Acaricio as linhas do teu queixo

enquanto penso na perfeição que dás à minha vida.

Somos só nós e o mar…

quarta-feira, 18 de julho de 2007

É uma dor que me dá,
Que me encolho no vazio da tua ausência
E me sinto apenas a mim.
É uma vontade que fica por concretizar
A cada dia que passa.

No escuro os meus lábios procuram os teus sem sucesso. Sinto-me um vagabundo abandonado entre fogos de rua: vagueio no frio da minha mente tentando encontrar-te, quando te encontro não te posso tocar; tenho o corpo a arder (talvez resultado do chá e da muita roupa) e todo ensopado num líquido salgado. Não, não são lágrimas dos meus olhos. Todos os poros do meu corpo lacrimejam pedindo a tua presença, que afastava o devaneio da mente e a roupa que me cobre e colocava este vagabundo num perfeito lar.

quarta-feira, 20 de junho de 2007


Temos tudo

mesmo sem termos nada,

amordaçamos o mundo

e resgatamos no nosso mísero sonho

a realidade utopicamente roubada…

terça-feira, 29 de maio de 2007

sexta-feira, 25 de maio de 2007

8 de Maio

Um cheiro agonizante a canela e lágrimas invadiu a casa assim como o meu olhar incrédulo e toda a comiseração… O Dia da Mãe vai sempre ficar na minha memória como o sufoco do meu pranto. Já não sou nada…

Tenho a casa inundada de nada e um carinho de espaços vazios. Uma cama desfeita com os lençóis ainda frescos daquilo que resta do muito que de mim partiu, o cheiro da baunilha nas horas incrédulas e este tempo que me recorda tanto… O sorriso dela, agora impessoal e repuxado sob o véu de saudade.

Faltou o derradeiro abraço antes da partida, ficou tanto por dizer… Ficou uma vida inteira… Ficou o cheiro dela no leito onde adormeci com as minhas lágrimas, e imaginei as mãos dela no meu cabelo, como sempre.

Vi rodar a chave, quis rasgar com os dentes toda esta realidade obtusa e gritar… Gritar pelo nome dela para ela me fazer festas na cara e me chatear com os pormenores que não percebeu nas telenovelas, para ela me dizer que estou «tão magrinha», que não gostava de me ver de cabelo solto, entre outras coisas… Dava tudo para voltar atrás, quando ainda era ela a aconchegar-me os cobertores todas as noites, me contava histórias sobre meninas que não comiam a sopa e me falava de todos os pobres que ajudou. Sinto tanto a falta dela…

domingo, 29 de abril de 2007

quarta-feira, 18 de abril de 2007

«cada vez mais amiga do mundo, cada vez menos amiga de alguém...»

quarta-feira, 21 de março de 2007

Sempre estiveste aí e eu talvez não tenha reparado, talvez tenha recebido o teu carinho com algum egoísmo e só to retribua agora que começas a fazer a mala para te ires embora sem regresso… Olhei para ti no último domingo, estavas com aquele teu sorriso triste mas maternal de sempre, acho que foi aí que percebi realmente o que se passava à minha volta e abracei-te com tanta força que as lágrimas não se aguentaram nos meus olhos… Cheiravas a hospital, a roupa lavada e a tua cara estava enrugada na magreza em que o teu corpo se encontra. Mesmo assim, os teus acanhados sorrisos inundavam o quarto, mesmo sendo escassos, brilhavam mais nos meus olhos que o sol dourado na janela do quarto… Voltei para casa no breu da noite gélida, percorri a estrada de regresso a casa bebendo o choro e adormecendo irrealmente no teu leito materno. Agora que te escrevo, tenho tantas saudades que me maces com assuntos sem sentido algum e das nossas conversas ao som de telenovelas foleiras depois das seis da tarde no cadeirão da sala… Fazes-me falta, Esmeralda… Volta depressa.

Primavera

O madrugador sol matutino
O tardio crepúsculo vespertino

O crescer do luminoso
O esconder do negro
O florescer do verde
O desabrochar em colorido
O chilrear do castanho
O brilhar do amarelo

O animar do triste
O cantar do alegre
O namorar do abandonado
O apaixonar do acompanhado

O acordar do calor
Que precede o fogo
E substitui o gelo
O entrar da Primavera
Que todo o bem faz erguer
E todo o mal esquecer

segunda-feira, 19 de março de 2007




Quis adormecer neste meu sorriso terno
e neste mundo mágico tão cheio de preto e de branco
belo como uma flor no negro betão…
Encontrei o silêncio depois das nove
não percebi a razão,
ouvi o respirar…

quinta-feira, 15 de março de 2007



Dá-me algum do teu tempo,
ouve a minha voz…
agarra a minha mão
e não partas
nunca mais…

terça-feira, 13 de março de 2007

Sede de ti

Olho pela janela,
Vislumbro o escuro nada,
Saio para a rua,
A chuva escorre-me pela face
Até me encontrar os pés nus.
Mas tenho sede de ti.
O dia vai nascendo
A pouco e pouco
Enquanto o vento cortante
Me trespassa.
Mas não traz o arrepio gélido,
O arrepio imenso,
O arrepio saboroso
De te ver.
Finalmente apareces.
Vislumbro-te ao longe,
Vejo-te ficar mais perto.
Olho através de ti,
Vendo ainda assim teu vulto.
Hoje é um dia mau,
Mas ainda assim noto
Que estás presente.
E se ainda assim não me és transparente
É porque tens um lugar só teu…
Em mim.

terça-feira, 6 de março de 2007

Amargo...

Dêem-me a paz
que o sol morra
e a ira o esmague,
arranquem-me os olhos
levem-me a dor
da minha melancolia doentia.
Deitem fora as minhas palavras
deixem neste canto o que resta de mim
e compreendam tais e infernais lágrimas
que o que mais desejo
é rasgar este ventre negro e de dolor
e ignorar palavras que me absorvem do mundo…
Chorar.
Chorar outra vez,
deixar-me aqui outra vez,
deixar-me de mim.
Simplesmente não querer
voltar
a ser
eu.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Mãe

Trago nos pés gelados e descalços
o frio que a noite não trouxe.
Pouso na cama um corpo oco de nada,
na cabeceira um copo de chá
e inspiro o seu odor a menta, flutuante
misturado com o incenso que me envolve o leito…

Aconchego os abomináveis óculos
que me descansam por momentos a vista
e dou por mim – pitosga –
a reflectir na dureza das palavras gélidas que te disse hoje
que terão repercussões no amanhã.
Acendo ao de leve um cigarro imaginário
e sei que te magoo…

Sei que todos os dias te magoo
mais um pouco, mãe.
Todos os dias as minhas palavras traem os sonhos que tens para mim.
– dou um bafejo e continuo –
não sei guardar-te
por não te saber ver a ver-me partir…

O cigarro que criei ainda agora
arde na insensatez do cansaço da minha voz,
inibe-me dos afectos que não contenho
(que te dou inutilmente)
e torna-me também inútil como um trapo.
Sinto-me velha e frágil
como tu, mãe…
E este cigarro que eu criei
ardeu sozinho no cinzeiro da minha alma
onde as cinzas de mim esvoaçam na brisa…

Dá-me a mão como dantes
salta para o meu mundo
negro e de sangue
onde há bruxas a flores
lábios e mar…
Vem ver como é bom
ouvir a chuva
e não querer mais nada
que não sejam os passos do silêncio.
Fica deste lado
não partas outra vez
deixa que as minhas asas se partam,
renasçam
e fica deste lado.
Ajuda-me a pintar este quadro,
infantil e denso como este poema.
Tira a rima as quadras,
a chuva ao arco-íris,
as rosas brancas do meu quadro…
mas vem mostrar-me como é bom
todo este cheiro do mar…

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Apago a luz.
Olho para as fotografias espalhadas daquilo que me resta de ti
e aconchego-me no calor frágil do meu leito
onde o frio de ti hiberna…
Quero rasgar com os dentes estas miseráveis ilustrações de nós
e não consigo.
Quero guardar no regaço estas lágrimas que ninguém viu
para um dia as carpir sozinha
como na derradeira…

Dissolvo no mar
(não sei se deva ainda dizer “nosso”)
as lágrimas que os meus olhos choraram
e deixo que a corrente me leve alguma da pouca sensatez.

Pois tudo o que me resta é este cheiro da terra molhada,
os legos difusos no chão do mundo que não ergui
e o acre sabor da derrota interna…
Tu és apenas tu.

Hoje peguei na caneta
e quis rabiscar sobre os velhos que vagueiam nos becos,
dos fantasmas que se assombram no respirar,
até mesmo da acne sem aviso na minha testa…
Quis contar o quão profundo é o verde das folhas,
o deprimente que é o cinzento do céu
as faces rosadas das crianças
e a delicadeza de uma gota de sangue…

O ódio que te tenho
assaltou-me esta noite
«por não conseguir ser-te indiferente»,
levando-me em jeito canhoto a escrever sobre o quanto te espero
guardando no bolso todo a minha malquerença
intentando apagar o quanto te amo
sendo tu,
a meu ver,
terrivelmente patético.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Posso não escutar o que dizes
Mas tomo a tua voz.
Posso não saber o que falas
Mas decoro os teus lábios.
Posso contudo saber
Se o que contas é verdade,
Apenas por teus olhos ler.
E posso ver o que pensas
Quando nossos narizes se tocam
E por um pequeno impulso mais
Nossas bocas se encostam
E nossas línguas se encontram.
Então partilhamos uma só palavra:
Adoro-te.
Sinto faltar-me um bocado,
Porque será?
Olho para meu lado,
E tu não estás lá.
Os sons cessam,
A luz esmorece,
As pálpebras cerram,
E tua imagem aparece
Consigo então ver-te,
Cada pormenor da tua face,
Posso e quero sentir-te,
Como se a teu lado te abraçasse.
(É nessa altura que recordo
E com minha ideia concordo:)
Sempre que nos encontramos
Sei que fazes parte de mim.
Agora juntos estamos,
Não me contes o fim.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Amizade

Queria estar contigo
Nesses momentos traiçoeiros,
Beber as lágrimas que reluzem
Na tua pálida face,
E assim fazer minha a tua dor.
És parte do sentido da minha vida,
Uma razão de eu ser.
Quero proteger esse teu sorriso
Que ilumina o meu.
Abro o livro, acendo a lareira, vejo o fogo consumir lentamente o pouco que resta de mim… Hoje é domingo: Não me vesti convenientemente, não penteei o cabelo, não atendi o telefone, não olhei pela janela, deixei as luzes todas acesas, não saí de casa…
Estou especialmente nostálgica e melancolicamente mergulhada neste romance. Fixo neste livro o romance violento e o final trágico que não vivi (do amor que não tive) e sim: Quando o amor não subsiste, não há nada que nos faça ficar, e a comiseração é demasiado cruel para não dizer adeus… «Cair em ti, cada vez mais longe da mísera ficção de mim». Sem ti sou só um corpo, e a minha alma tilinta neste desconforto misericordioso que é o ódio contrastando a afeição. Esta malevolência persiste, pontapeia-me o coração e esmaga-me a alma para que eu não tenha o dissabor de a encarar, trocista.
Hoje contei as ondas do nosso mar, olhei o céu que ficou nas minhas (talvez nossas) recordações… talvez tenham significado pouco da tua vida desenfreada e egoísta. Dás tão pouco de ti… Talvez tenhas caído na minha vida e estejas apenas de passagem, talvez esteja condenada a amar-te com todo o corpo durante muito tempo, talvez não…
Dei-me à sede do teu afecto incapacitado quase sem me questionar, porque todas as questões vieram depois, muito depois. «A melhor coisa que um dia aprenderás é a ser amado e retribuído», aprendi apenas metade dessa serenidade.
Devias ver-me hoje: com a pele luzidia, os olhos inchados do choro, os meus abomináveis óculos que desprezo em dias normais, o cabelo mal preso, desgrenhado, caído sobre a testa. Estou irreconhecível, sou só um corpo de alma tilintante. O livro caído no colo, a poção miraculosa do definhamento sobre a mesinha…
Hoje percebi – mais que nos outros dias – a falta que me fazes. Acordei na apatia dos amores consumidos pela falta que me faz a tua estupidez e indolência inatas, o teu sorriso fedelho que me fazia acordar, enfrentar o outro dia, todos e todos os dias…

«mister inaccessible, will this ever change? i'm still a picture in a frame...»

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

1 de fevereiro, ás 20h38

Já passou algum tempo desde o primeiro
e hoje o teu beijo soube-me frio...
Talvez todo o calor tenha passado
porque o vento não ateou
a chama gélida...
Dou-te a mão
E percorro a mesma estrada todos os dias
Na insensatez desta coisa estranha e simples que nos une:
E sei-me tua.
O antagonismo do nosso amor
É toda uma tela que pinto em pormenor,
Todos os dias.
Pinto os teus lábios
E já os sei de cor
Como os teus cabelos que me perco a afagar
Em noites frias de sul...

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

«esta noite o amor partiu / sem sequer adeus dizer...»

Sou o pedaço de bruma
imóvel e quedo...
Hei de sair deste buraco que é a vivência que tenho guardado...

Jorrei pelos dedos este céu branco
tão imaculado nesta pureza crédula que é sentir-me triste...
Quis a tua mão,
- um pequeno apoio -
e vi-me tão só quando te recordei as costas...

És eterno.
Quis beber-te a ternura que largaste em mim
por seres tão hábil a fugir das palavras fraternas...
És um ritual.
Decifrei-te e não soube conter-te,
não soube dar-te tempo de perceberes o silêncio que sou.
Mostrei-me ao mundo num momento cru,
ingénuo,
leviano: arrependido...
e já passou tanto tempo...
Passou desde que as lágrimas secaram
e absorveram o extravazar de mim.

Foi tão oco este vazio
porque esta noite algum do meu amor partiu
e não sei se quero viver com o peso
de carregar a tua doce ausência...

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Demos as mãos quando sentimos queimar-nos
o tempo tão ténue
e o cheiro do mar nos nossos olhos...
Partimos tão breves
num choro tão pleno e terno
e dançamos uma valsa sem nome,
num palco sem chão,
onde o nada não existe...

Olhos nos olhos...

Olhos nos olhos
plantamos todas estas rosas brancas
e construímos para nós
um jardim de caminhos estreitos
alheados deste respirar tão ofegante,
tão sôfrego...

Olhos nos olhos
respirei tão fundo
quanto o sentimento me percorreu, sóbrio...,
e fui o tudo e o nada no mesmo instante...
Na leveza de um sorriso
esbocei ao mundo um vazio permanente,
agarrei a tua mão
e voltei, segura, para casa...