segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

Aqueço o coração junto à lareira
onde as palavras se tornam frágeis e dispensáveis...
No caderno velho de folhas sujas escrevo... a mágoa que se deixa ficar ténue à minha partida.
Desvanecido o tempo que passou em nós.
que é desse tempo? dos olhares que foram ditos, das mãos que se abraçaram?...

Atormentava-me o sentido que ele dava ás palavras,
a frieza dos seus gestos
e do ego de si mesmo.
Ele nunca dizia porquê,
nunca explicava porque se deixava cair no seu breu.
acho que foi ele mesmo que se fez assim...
Talvez o tempo lhe tenha moldado a alma e o espírito.
A esse homem de rosto vago e de espírito leve
e demasiado fácil de amar...

quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

...

Diz-me tudo o que esse mar não trouxe,
diz-me as mentiras que ficaram por dizer,
os ventos que se cruzaram sem se fundirem em nós,
os gritos que nem em nós se conseguiram conter.
Revolta-mos o modo como agora a vida nos toca na sua intempestuosa passagem.
Espalhada está a tinta na folha que era branca,
manchada como o pó,
a folha branca de letras soltas movidas pelo silêncio
num vazio que não conheço
num passado que agora é só.
Visita-nos o desejo da dor
quando deixamos a sós a nossa solidão.
É inigual o estado de paz,
a cor ténue de um mundo em volta
e o branco dos pensamentos.
São cada vez mais as folhas que gastas quando escreves
para não teres de encarar o cinzento dos teus dias.
Ages como um louco e desprezas-te a ti mesmo
para perceberes que o silêncio não é eterno...

Ténue é a tua dor agora.
Já nem a ti te encontras quando te apercebes que estás perdido.
Luz na tua face um sentimento que dizes ser de culpa
quando persegues o vento para onde a luz não vai.
Afogas-te no breu
e no silêncio das lágrimas de ti mesmo...

Excerto

(...) Fui eu mesma e não voltei...
Dei-te a mão mas não parti,
perdi tudo e não chorei...

Domingo rotineiro numa vida fugaz...

Quando voltar espero não te encontrar aqui
outra vez...
nem ter de te ceder o meu ódio por mais um momento que seja.
A brisa que se move vai levando o brilho que os olhares guardavam...
Leva as palavras e o sofrimento guardado nelas
nas tardes em que passava horas a escrever
e manchava o papel branco de pensamentos sem sentido...
Mais um domingo rotineiro,
uma chuva certeira numa vida fugaz,
um sorriso maquinal para encarar o tempo que não passou...
A lareira que nos aquece o coração e a alma...
e a tua mão na minha num domingo,
ou noutro dia qualquer...