terça-feira, 6 de abril de 2010

Eu vi passar o tempo

como um cavalo veloz no seu galope intenso,

sincopado

e não o quis parar,

não lhe liguei.

Há de se dar ao cansaço de todas as voltas,

os ponteiros volvem,

talvez parem,

mas eu não.

Não com a mesma forma de olhar

nem ritmo…

E enquanto o sol não nasce,

trinco esta maçã levemente envenenada

que me vai deixando dormente neste lugar onde nem sei se me sei

- colina ao luar de outra noite qualquer -

onde me é confortável andar perdida.

Imagino um caminho de volta

mesmo sem ponto de partida,

mas vejo este lado

e é bom:

os acordes são bucólicos,

choram violinos por entre as palavras

que eu deixei de tocar,

passei ao lado,

ao outro.

Entrando no balanço do tempo

- esse que urge

malfadado, dividido -

sentei-me na pedra da colina

a baloiçar no pêndulo do relógio de corda inventado

e não vi,

não tenho tempo:

tenho a chave para o fim do mundo.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Há coisas a mais neste quadro.

Muita luz, muito ruído, muito medo

e é tudo o que precisamos para não sermos…

Nós, de tão frágeis no nosso espaço de luz esbatida,

tão desconexos,

tão apartados e tão próximos de coisa nenhuma,

ternos,

e eu não a encontro.

Faltam palavras

que nos deixam,

porque tudo o que está é primordial,

estarrecidos.

Sento-me aqui, passo as mãos pelo cabelo e encosto a cabeça para trás,

este compasso de espera é o tempo de só mais um cigarro

para partir a pé por esta linha de ferro que me separa do mundo

e esperar que passe.