domingo, 2 de dezembro de 2007

São elementos, as imagens, as músicas, os cheiros. Revivemos, revemos, relembramos, “ressentimos”. São portas enormes e (por vezes demasiado) fáceis de abrir. Recordamos experiências alegres e convívios excelentes com os nossos amigos enquanto com os nossos amigos. Recordamos momentos nossos, momentos sós, momentos em que pensámos e sofremos, só nós, por nós e por outros, enquanto com nós mesmos. Gostamos de estar assim, nesta melancolia, nesta nostalgia, nesta solidão em nós, sozinhos ou rodeados de gente, este reviver que nos faz sentir vivos, sentir que já vivemos antes e não só agora, o reviver daquilo que de mais forte se passou, épocas idas, tempos passados, momentos, minutos, segundos há muito desvanecidos, mas que de quando em vez cá voltam para nos assombrar, mas gostamos de estar assim. Porque não é quando um Homem quer, é quando a um Homem é permitido querer. Suspiros fáceis, nada mais que sussurros verdadeiros que saem disparados sem muito termos que pensar, aos outros não, estamos sós em nós, quem mais temos é o papel, se a ele quisermos falar, depois então deixar que os outros vejam, se ao que o papel lhes diz quiserem dar atenção. E assim vivemos, um dia e outro, ora bem, ora mal, quantas vezes rimos e sorrimos envoltos de gente, nunca temos problemas, ao segundo que nos vemos sós, aflui aquele liquido tão fiel a nós, por vezes mais fiel que o que queremos, e percebemos que a felicidade estava na distracção, estava no tempo em que deixamos que os outros nos desviassem da solidão em nós mesmos, por entre gritos e gargalhadas. Porventura nos nossos devaneios, nas nossas longas conversas com nós mesmos, nos nossos debates acessos e discussões repletas de sabor, lembrar-nos-emos daquela pessoa, daquele alguém que porventura existirá, quer o saibamos por certo, quer o julguemos saber, quer o desejemos, quer o ignoremos, e que porventura nos fará parar, alto! afinal sempre há felicidade mesmo quando estamos sós em nós, sem estarmos distraídos com os gracejos de todas as almas que nos rodeiam fisicamente, nem com os impulsos provocados pelas que nos rodeiam em espírito. Mas deixemos a felicidade para depois, para quando esses gracejos voltarem, e, quando nos vier a apetecer, deixaremos a solidão em nós, porque é sempre que o podemos fazer por entre esses gracejos, porque não é sempre que podemos voltar a ela quando nos afastamos deles. E assim vivemos, um dia e outro…

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