quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Apago a luz.
Olho para as fotografias espalhadas daquilo que me resta de ti
e aconchego-me no calor frágil do meu leito
onde o frio de ti hiberna…
Quero rasgar com os dentes estas miseráveis ilustrações de nós
e não consigo.
Quero guardar no regaço estas lágrimas que ninguém viu
para um dia as carpir sozinha
como na derradeira…

Dissolvo no mar
(não sei se deva ainda dizer “nosso”)
as lágrimas que os meus olhos choraram
e deixo que a corrente me leve alguma da pouca sensatez.

Pois tudo o que me resta é este cheiro da terra molhada,
os legos difusos no chão do mundo que não ergui
e o acre sabor da derrota interna…
Tu és apenas tu.

Hoje peguei na caneta
e quis rabiscar sobre os velhos que vagueiam nos becos,
dos fantasmas que se assombram no respirar,
até mesmo da acne sem aviso na minha testa…
Quis contar o quão profundo é o verde das folhas,
o deprimente que é o cinzento do céu
as faces rosadas das crianças
e a delicadeza de uma gota de sangue…

O ódio que te tenho
assaltou-me esta noite
«por não conseguir ser-te indiferente»,
levando-me em jeito canhoto a escrever sobre o quanto te espero
guardando no bolso todo a minha malquerença
intentando apagar o quanto te amo
sendo tu,
a meu ver,
terrivelmente patético.

1 comentário:

Anónimo disse...

só gostava de saber quem é que não se dá ao luxo de te amar...

(é impossivel)

beiju*